Chega ao fim o mês de Outubro Rosa (prevenção e conscientização sobre o câncer de mama) e logo ali na curva nos deparamos com novembro e sua ampla campanha para a Saúde do Homem e a prevenção do Câncer de Próstata.
Já faz algum tempo que essa “bola” foi levantada e é assunto em todas as mídias – mais precisamente em 2003, na Austrália!
Conta a história que dois amigos de Melbourne, sentados em um bar, tomando uma cerveja, discutiam uma moda esquecida – o BIGODE! Inspirados pela mãe de um colega que levantava fundos para o câncer de mama, resolveram deixar crescer o MUSTACHE e cobrar 10 dólares de cada bigodudo. Nesse ano, 30 amigos abraçaram a causa, e assim surgiu um conceito.
Nos anos seguintes cada vez mais pessoas se perguntavam da “nova-velha” moda e abraçavam a causa. Com o tempo foi criado uma fundação Movember, logo após uma plataforma online e assim por diante.
Hoje o movimento está presente em vários países do mundo, inclusive no Brasil.
E qual a importância de falarmos sobre o câncer de próstata?
Bem, aqui vão alguns dados sobre o assunto (só para chamar a atenção e você continuar lendo)!
Sabemos que o principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade: cerca de 6 em cada 10 casos são diagnosticados em homens com mais de 65 anos, sendo raro antes dos 40 anos.
Hereditariedade, raça, obesidade e estilo de vida também entram como fatores de risco.
Com isso, fica fácil entender as determinações das grandes sociedades de urologia (Brasileira / Americana / Europeia) para o início do rastreio do câncer de próstata:
– SEM FATORES DE RISCO – 50 ANOS
– COM FATOR DE RISCO (FAMILIAR / RAÇA NEGRA) – 45 ANOS
OK, e o diagnóstico é feito com o toque retal e PSA??
Bom… NÃO… mas é o começo! Mas vamos entender um pouco sobre eles!
A velha e mal compreendida dupla PSA e toque retal! ..
PSA (Antígeno Prostático Benigno) é uma proteína produzida pela glândula, detectada no exame de sangue. Ela pode estar alterada tanto em doenças benignas quanto malignas – pode alterar com a idade, tamanho, entre outros fatores. Sua avaliação é complexa e necessita ser analisada por um Urologista!
Já o toque retal… esse ainda é um tabu! Não deveria! Trate-se de um exame INDOLOR, RÁPIDO e fundamental para avaliação de nódulos. Com o exame digital, conseguimos avaliar o tamanho da próstata, nódulos, lado, invasão a outros órgãos…
A alteração de algum desses exames, por si só, não indica necessariamente a presença de um tumor! É necessária a comprovação através da biópsia de próstata. Essa pode ser realizada de algumas maneiras, porém a mais comum é a transretal guiada por um aparelho de ultrassom.
Minha biópsia veio positiva, o que eu faço?
Caso a biópsia venha positiva, o próximo passo é a avaliação da extensão da doença – restrita a próstata ou se ela se espalhou para outros órgãos (metástase). Para isso podemos lançar mão de alguns exames – ressonância, cintilografia óssea, tomografia. Essa etapa é fundamental para a melhor escolha da terapêutica.
Como tratar?
Por sorte a medicina evolui rapidamente, e hoje, temos em mãos uma gama de tratamentos – tanto para doença localizada quanto para doença metastática! Sim! Essa palavra que causa arrepio nas pessoas e é sinônimo de morte, não deve ser mais assim avaliada. Atualmente, as medicações evoluíram e assim aumentou-se muito a sobrevida e, principalmente, a qualidade de vida!
Bom, voltando um pouco mais, e entrando na parte que mais interessa e faz parte do dia-a-dia do Urologista, falaremos sobre a doença localizada
Entre as opções de tratamento para doença inicial, temos a vigilância ativa, radioterapia e cirurgia – esta última pode ser tanto por via aberta, laparoscópica ou robô assistida. Ainda existe uma outra técnica pouco difundida no Brasil chamada HIFU – seria um tratamento localizado transretal.
Diante de tantas opções, como escolho o melhor tratamento para o meu câncer?
Bom, para isso, o Urologista deve expor todos os tratamentos possíveis para o caso (veja, algumas situações contraindicam algum tipo de tratamento)! Explicar os riscos e benefícios, taxa de cura, complicações, recidiva etc. No caso ainda da cirurgia, deve-se orientar as vantagens e desvantagens de cada técnica – sangramentos, incontinência, impotência, tempo de internação, tempo de sonda…
A decisão deve ser sempre conjunta, em comum acordo entre paciente e médico, diminuindo os riscos e optando pelas melhores tacas de sucesso!
Responsável – Matheus A. C. Siqueira
CRM 156.291