Boa tarde pessoal!
Fiquei um tempo sem passar aqui por causa de outros projetos pessoais, mas pretendo dar continuidade ao blog. Vou tentar escrever toda segunda feira e avisar lá Instagram no Stories.
E o assunto de hoje foi carinhosamente escolhido pelo número de pacientes que vi nesses últimas dias de consultório! Vamos falar sobre estenose da junção ureteropiélica – ou EJUP!
Bem, como o próprio nome já diz, essa é uma condição cujo estreitamento na saída do rim (pelve) para o ureter, promove uma dificuldade no fluxo normal de urina. Consequentemente, há um acúmulo de urina no rim, fazendo com que o mesmo fique dilatado.
Essa condição pode afetar desde bebês até adultos, e sua etiologia varia.
Quando falamos dos bebês, meu foco aqui, essa condição geralmente é congênita, ou seja, vem do desenvolvimento fetal. Isso inclusive, faz com que em exames pré-natal (ultrassom morfológico), o médico radiologista consiga identificar a dilatação do rim e suspeitar da doença.
Essa é a forma mais comum de se identificar o problema. Quando passa desapercebido no pré-natal, geralmente o diagnóstico de estenose de JUP vem após uma investigação para infecção urinária na criança.
Outro sintoma que podem levantar suspeita, porém em crianças mais velhas, é a dor lombar, que pode estar associado ao aumento de ingesta de líquidos.
Já em adultos e idosos, a causa da estenose pode ser secundária. Cálculos, pielonefrites (infecções do rim), cirurgias podem levar a um estreitamento secundário. Nesses casos, geralmente a dor ou infecções faz com que o paciente procure um especialista.
Além do USG em bebês e crianças, a cintilografia DTPA demonstra um padrão obstrutivo. Esse exame é realizado com a injeção de um marcador na veia e, após um tempo, analisando a excreção do mesmo pelos rins.
Outro exame fundamental é a cintilografia com DMSA. Nesse caso, a ideia é avaliar a função dos rins comparativamente. Nele identificamos algumas alterações consequentes de infecções. Fundamental para guiar nossa indicação e fazer seguimento pós tratamento.
Para adultos, ainda podemos lançar mão da tomografia com contraste – esse exame mais específico do que o ultrassom, nos mostra com detalhes a anatomia e relação com órgãos adjacentes.
Feito o diagnóstico, o tratamento quando indicado, é cirúrgico. Resseca-se o segmento doente do ureter e faz-se uma anastomose, refazendo o fluxo habitual de urina.
Nesses casos, deve-se deixar um cateter dentro da via excretora, chamado duplo J. O mesmo é retirado semanas após o procedimento.
Esse procedimento pode ser feito de diversas maneiras. Hoje, com a evolução da medicina e dos equipamentos, a videolaparoscopia é a técnica preferida. A cirurgia assistida por robô ainda engatinha em nosso país para crianças, mas é uma ótima opção para aqueles que tem indicação.